A decisão do Governo PSD/CDS-PP de impedir a entrada em Portugal do Barco «Women on Waves» é uma grave violação do direito à liberdade de expressão e de informação e uma manifestação do carácter antidemocrático e de pendor repressivo em que assenta a sua acção.
Os argumentos usados para esta decisão, pelo Secretário de Estado para os Assuntos do Mar, merecem o mais vivo repúdio do PCP por três razões fundamentais:
1 A clara opção pela continuada perseguição judicial das mulheres que tenham que recorrer ao aborto em Portugal e a tentativa de impedir a administração da pílula abortiva em águas territoriais internacionais a mulheres portuguesas que porventura o necessitem e de acordo com a legislação dos respectivos países.
2 O facto da pílula RU 486 (pílula abortiva) não ser comercializada em Portugal (o que representa um claro atraso em matéria de saúde pública) não pode impedir que as mulheres portuguesas saibam que ela é autorizada pela Agência Europeia do Medicamento e que se trata de um método não cirúrgico, seguro, e que está acessível às mulheres, até às 7 semanas de gestação, na maioria dos países da União Europeia de que são exemplo a Espanha, França ou Inglaterra.
3 Há uma clara violação do direito à informação e de expressão, já que, um dos objectivos desta iniciativa em águas territoriais portuguesas é a realização de debates e informação em matéria de direitos sexuais e reprodutivos. O actual quadro legal não condiciona o direito das organizações a promoverem as acções que considerem adequadas de apoio às mulheres e pela mudança da lei.
O PCP condena vivamente esta decisão e considera que ela se insere numa acção política da maioria PSD/CDS-PP que visa destruir importantes direitos sexuais e reprodutivos (contracepção, contracepção de emergência, educação sexual, etc.) e condena também a deliberada opção de manter o aborto clandestino, a perseguição judicial e a estigmatização social das mulheres que abortam.
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